ENTREVISTA: Balé Clássico na soma das paixões, com Bia Isaia

ENTREVISTA: Balé Clássico na soma das paixões, com Bia Isaia

Montagem, fotos: Vitor Ceolin e Luís Ferraz

Montagem. Fotos: Vitor Ceolin e Luís Ferraz


Formada em Balé Clássico, Educação Física e Psicologia, Beatriz Isaia seguiu a orientação de uma professora e uniu suas paixões. Quando retornou a Santa Maria, em 2009, criou o projeto social Dançando para Educar. Neste sábado, 21, leva seus bailarinos ao palco do Theatro Treze de Maio, com o Ballet Olé.


Diário - A Bia bailarina sabia que seria a Bia professora de balé?
Na verdade, sempre gostei muito da parte pedagógica. Desde criança, gostava da coreografia, da montagem. Eu sempre soube que ia ser professora. Comecei a dar aulas muito cedo, com 16 anos. Ensinar é algo que veio comigo. Desde que era pequena, montava espetáculos para a família assistir. Eu reunia os primos e ensinava, fazia a montagem coreográfica. Vamos dizer assim: eu fui bailarina porque era importante ser bailarina para ter o aprendizado prático, mas o que eu realmente gosto é ensinar. Desde muito pequena, é a parte professora que se destaca.

Diário - E como surgiu o projeto?
Quando eu fiz a faculdade de Psicologia (2004 a 2009, em São Paulo), gostei muito da psicologia social. Fui falar com uma professora para dizer que adorava a psicologia, mas gostava muito da minha dança. Nunca esqueci o que ela falou: “Tu podes, muito bem, continuar na dança e usar a psicologia dentro da tua dança”. Quando eu cheguei de volta aqui em Santa Maria, eu já tinha esse projeto social, unindo a minha profissão de professora de dança com a psicologia. Aí, eu apresentei meu projeto para a Fundação Eny, e eles abraçaram a causa.

Diário - Quantas crianças/adolescentes já foram atendidos?
Eu não tenho contabilizado quantos alunos nestes quase 15 anos. A gente atende de 40 a 60 crianças a cada ano. Como a proposta é ser um curso de formação – e a formação em balé clássico é um longo caminho –, todos os anos temos alunos novos, mas também temos os que seguem. Alguns entram, ficam um tempo e depois saem. Tem os que ficam. O olhar é de continuidade. Tem uma bailarina que começou comigo com 9 anos, e ela está com 24 agora. Ela fez dança na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e está defendendo o Mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ela foi minha aluna e, hoje, é professora dentro do projeto. É uma formação.

Diário - Como avalias os resultados do projeto? O exemplo da trajetória dessa bailarina já responde, não?
Sim. Somos um projeto de formação em dança. Eu já tive uma turma formada e outros se formam no próximo ano. Seis alunos se formaram em 2021. Eles têm Pedagogia da Dança, que é um curso que eu dou para a formação de professores – é um método de como ensinar a dar aulas de dança, principalmente o balé clássico. Então... Todos que estão lá, que se interessam, fazem esse curso e se preparam para ensinar. Mas a gente também tem outras pessoas que estão cursando outras faculdades. Estão buscando os seus caminhos, suas profissões. Quando eu comecei, era apenas um projeto para a formação em dança, em balé clássico, de formação de excelência, de eles saírem preparados para dançar bem em qualquer lugar para onde fossem. É claro que esse é um objetivo central, mas hoje o olhar é mais amplo, de formação educativa. Eu fui descobrindo isso com o tempo. É um processo educativo para que os meus alunos sejam cidadãos. Sejam pessoas que ajudem a comunidade, que tenham essa preocupação. Isso é muito interessante, engloba a família, que vai entrando no sistema também. A gente trabalha muito em equipe, de ter preocupação com o outro. Não tirando a formação em dança, mas os frutos que eu digo que eu colhi foram essas pessoas. São pessoas que sabem fazer muitas coisas, desenvolver muitas funções, que sabem fazer tudo de um espetáculo. São pessoas proativas. Isso é o que me mantém feliz e orgulhosa. O resultado é a formação de pessoas.

Diário- E o que o momento do espetáculo – como o Olé, que estreia agora – representa para o grupo ?
O espetáculo é o resultado do trabalho deles do ano inteiro. É assim para os alunos novos, que estão entrando no palco pela primeira vez. Para os mais velhos, é um trabalho de anos. A cada espetáculo, eles estão mostrando mais uma evolução, mais uma etapa que estão passando. É muito importantes para nós, pois todos fazem parte da organização da montagem. A bailarina que vai fazer o papel principal também está lá, à tarde, colocando o linóleo (piso especial para dança) no chão, ajudando a maquiar e a fazer o coque nas crianças. Todos compartilham a expectativa de mostrar o trabalho de um ano inteiro, tudo com o cuidado e o melhor que a gente pode.


AGENDE-SE

  • O quê – Ballet Olé, inspirado no Ballet de Repertório Dom Quixote, com trilha original (composta por Ludwig Minkus) e coreografias criadas para o grupo de bailarinos do Dançando para Educar
  • Quando – neste sábado, 21 de outubro, às 20h
  • Onde – Theatro Treze de Maio
  • Quanto – R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Venda na bilheteria do teatro
  • Apoio – Em 2023, o projeto Dançando para Educar foi financiado com recursos da Lei de Incentivo a Cultura de Santa Maria, contando com o incentivo cultural da Unimed Santa Maria e patrocínio da Fundação Eny


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